Júlio Pomar nasceu a 10 de Janeiro de 1926. É pintor e escultor. Foi um dos principais impulsionadores do Neo-Realismo na pintura portuguesa.
Não obstante a vida longa, marcada por períodos de guerra, censura, opressão, entre outros meios de limite à liberdade da expressão criativa, o Mestre Júlio Pomar, destacou-se desde cedo pela irreverência, pelo intervencionismo na vida sócio-política, e pelas viagens que realizou por Espanha, Paris e Brasil.
Ontem, dia 8 de Fevereiro de 2010, foi distinguido com o prémio Vida e Obra, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e pela RTP, numa gala emitida pela estação pública, que premiou vários artistas nacionais.
Também ontem, tive a felicidade de jantar com este grande homem, numa Homenagem ao Profissional do Ano, atribuída pelo Rotary Club de Lisboa-Estrela. Recordo o seu olhar meigo, tranquilo, de pessoa serena na idade de ouro da sua vida. Um esgar sorridente, observando com ternura as expressões corporais dos que consigo partilhavam a refeição. Quando saudámos as bandeiras (ritual protocolar típico destas reuniões de Rotary) trocou comigo um olhar e disse-me que tinha uma cara bonita, fiquei a olhar para ele, sorrindo, e quando me perguntou se as pessoas diziam que tinha fama de não se rir, respondi peremptoriamente que não. O riso vem da alma e quem expressa a sua alma de forma tão graciosa é uma pessoa que sorri e muito.
Jamais irei esquecer a mensagem com que nos presenteou no seu breve discurso: "somos sempre aprendizes".
Estação Alto dos Moinhos, graffitis em azulejo, Júlio Pomar
Camões
Bocage
Fernando Pessoa
Almada Negreiros
Não é para Contar uma Estória que tu Escreves
Não é para contar uma estória que tu escreves
e eu pinto
e eu pinto
nem para nos apontarem a dedo que limamos
o bico aos pregos no avesso do mundo, nem a terra
é o centro deste. O universo não usa
adereços de cena
nem liga a espelhos. Tem mais que fazer
que nos copiar e tão-pouco ao fado pois ele é
velho, não tem dentes, e tresanda
ao ranço de uma açorda
salgada e sem coentros.
Júlio Pomar
1 comentário:
é bom partilhar estes momentos contigo..para mim foi quase surreal de tão simples e discreto.(com pouco se diz tanto!)de facto há pessoas que primam pela persistência e levam os seus valores à frente,no matter what.Sinto que hoje há poucas pessoas assim...temos de mudar isto!
e fiquei com vontade de ir ao cinema....
andreia
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