Dia de Todos os Santos


Em Portugal, celebra-se o 1 de Novembro com um feriado alusivo ao Dia de Todos os Santos, seguido do 2 de Novembro, que é conhecido, entre os cristãos da Igreja Católica, como Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados.
Lembro-me muito bem do ritual que, nesta data, junta familiares, que relembram os seus entes queridos que já partiram. Confesso que a ideia de reunir a família, seja para lembrar os mortos ou os vivos, sempre me agradou.  Percorrer largos quilómetros de estrada, rever os familiares mais distantes, em volta de uma mesa bem recheada e regada, fazem as minhas delícias. As aldeias do meu país enchem-se de vida para celebrar a morte, o que acaba por ser caricato!
Claro que a ideia de ir até ao cemitério, embora este seja um lugar limpo e, nestes dias, repleto de flores, continua a não me trazer grande entusiasmo. Os lugares são o que são e este é e será sempre, para mim, um leito inóspito
Desde que a B. nasceu, já lá vão três anos, que substituí a romaria ao cemitério pelo festejo da vida e o dia tornou-se alegre, entre risos e palmas, presentes envoltos em papel colorido, guloseimas e tudo o que me faz feliz.
Porém, quando anoitece e me entrego aos meus pensamentos, lembro-me de muitas coisas, entre elas este mistério: a morte. Tento pensar nela como uma passagem para algo desconhecido. Gosto muito de viver e tento aproveitar o tempo presente da melhor forma que sei e consigo, mesmo assim, por vezes, surge aquela angústia de não ter qualquer controlo sobre o que vem a seguir.
Quanto aos que partiram, e dos quais sinto falta e o vazio da sua ausência, tento reter as palavras singelas de António Lobo Antunes a propósito da morte do pai: "O meu pai, depois de morrer, continuou a mudar, a existir dentro de mim. E continuámos a falar. Até que chega uma altura em que estamos em paz e o nosso diálogo é de tal maneira perfeito que nem sequer necessitamos de palavras. E depois sentimos que estamos também a viver por eles. Eu estou a viver pelas pessoas de quem gostei e que, para mim, continuam vivas." (in VISÃO nº921, pág. 131)

1 comentário:

André disse...

Bonitas palavras Joana!
A paragem da morte é necessária ! Não somos a continuação dos outros que nos são ou foram queridos... ! Desejarei viver por mim... trazer recordar e aprender aquilo que os outros foram e me trouxeram!
... mas quero continuar a ser sempre eu!!
Parabéns sinceros pelo seu Blog !
Mestre @ndré