Comer, Orar, Amar, Elizabeth Gilbert


O livro Comer, Orar, Amar conta a história de uma mulher que decidiu viajar durante um ano numa autodescoberta do prazer, devoção e equilíbrio. Os locais de eleição para esta aventura foram, respetivamente, Itália, Índia e Indonésia.

Liz é uma mulher jovem, bonita, inteligente, com uma carreira bem sucedida, mas que procura um significado maior para a sua vida e que sente que a relação amorosa que tem já não lhe serve, pois arrasta-a para uma infelicidade profunda.

Reconhecer a infelicidade é o primeiro passo na jornada para a felicidade. Em primeiro lugar, é preciso recuperar a autoestima que sai fortemente abalada quando uma relação termina, depois é necessário redescobrir o prazer, que para Liz está associado à boa comida e à língua cantante que é o italiano. Em segundo lugar, é fundamental libertar a mágoa que ficou, aceitando e envolvendo em amor tudo o que provocou a dor que nos trouxe a este estado de perturbação e ansiedade. O melhor caminho para atingir este fim é o yoga, a meditação e a oração. Por fim, é fundamental restabelecer o equilíbrio entre prazer e devoção, restituindo-nos à vida com alegria, amor, mas sobretudo reencontrando a paz e serenidade que nos permitem enfrentar os desafios diários com segurança e sabedoria.

É este o caminho que Liz percorre durante um ano da sua vida, em que deixa todo o conforto para trás, mas também os padrões de amargura e tristeza em que se embrenhara. São 108 contas de um japa mala que ela resolve envergar com coragem e determinação.
Há dias mais penosos, há momentos devastadores, há o medo e a dúvida sempre presentes. Há uma vontade mordaz de reatar contacto com aqueles que nos fizeram sofrer, para de certa forma nos mantermos presos ao passado. Uma jornada de autodescoberta pode ser assustadora, mas a recompensa é grande para os que ousam empreendê-la.

Este livro relata uma história real, que se identifica com todos os casos de separação que conheço. Uma das mensagens que tem presente é o facto de a vida estar sempre centrada nas relações humanas. Com tantas catástrofes que existem e a miséria e a fome que estas provocam, a luta pelos direitos humanos que são negligenciados em tantas partes do mundo, é surpreendente que a nossa preocupação mais premente, aquilo que nos provoca maior sofrimento, seja as relações humanas, principalmente, as amorosas. São elas que nos fazem cometer as maiores loucuras e atrocidades, que nos fazem mover montanhas, para mendigar o amor que muitas vezes não sentimos por nós próprios. Não vale a pena lutar por e contra os outros, não vale a pena ter ciúmes, se não respeitamos e amamos o ser que habita dentro de nós, que é aquele com quem nascemos e morremos e com quem temos de viver cada sopro, cada suspiro da nossa existência.


"(...)o melhor que podemos fazer em resposta ao nosso mundo incompreensível e perigoso é tentar manter o equilíbrio interiormente - por mais insanidade que exista à nossa volta." in Comer, Orar, Amar

P.S. - O filme baseado no livro é muito bom, não tão profundo, mas bom.

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