Fernando Pessoa na Gulbenkian


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa


Exposição sobre a vida e obra de Fernando Pessoa até 30 de abril na Gulbenkian.

O grande poeta português e todos a quem deu vida, através de diversas formas de escrita que revelam personalidades distintas que derivam de uma mesma alma. O poeta é um fingidor e a dor que finge é aquela que pulsa no peito de quem a lê, que se revê nela e que por ela quer expressar o que sente mas não quer ser.

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